A impressão que se tem ao andar por Itaberaí é de que existem duas cidades: uma moderna, apressada, de lojas de grife, agências bancárias, casas de arquitetura avançada; e outra que ainda resiste ao passar dos anos e permanece com ares da antiga Curralinho. E foi nesta parte baixa da cidade que teve início a formação do povoado, num tempo em que o território goiano ainda estava sendo desbravado pelos bandeirantes. Os primeiros que chegaram foram agricultores, que segundo acreditam os historiadores, começaram a plantar para alimentar os milhares de homens que sugavam o ouro do Rio Vermelho.
Pesquisas do historiador Antônio César Caldas Pinheiro confirmaram que a doação de terras para a Igreja foi feita por Francisco de Sá Tavares, ainda no século 18. Assim foi formado o patrimônio de Nossa Senhora d’Abadia. A Matriz dedicada à padroeira permanece de pé, como que testemunha desses quase 300 anos de história. O local, de beleza ímpar, às margens do Rio das Pedras, acabou se tornando um ponto de pouso de tropeiros que seguiam para o Arraial de Sant’anna. Na época, as viagens eram feitas em lombo de burros e cavalos e as paradas eram para descanso dos homens e também dos animais. E neste lugar onde hoje está esta praça, havia um grande curral que abrigava os bichos. Daí veio o primeiro nome do lugarejo: Curralinho
Itaberaí
A antiga Curralinho se limitava ao Largo da Igreja de Nossa d’Abadia: a Praça da Matriz e as quatro ruas que a circundavam. Em 1868, Curralinho foi desmembrada da Cidade de Goiás, mas seguiu com a mesma denominação, que só foi alterada em 1924, pelo deputado Benedito Pinheiro de Abreu. Natural de Curralinho, ele se sentia ofendido com as chacotas de seus pares, por causa do nome da cidade natal. Assim, apresentou um projeto de lei propondo a mudança do nome da cidade para Itabera, que, em tupi-guarani significa Pedras Brilhantes. O projeto foi emendado pelo colega Benedito, Albatenio Caiado de Godói, que juntou o hy à palavra, gerando Itaberahy: Rio das Pedras Brilhantes.
Economia
As origens agropecuárias sempre acompanharam o município. E foram as atividades rurais que moveram e até hoje, movem a economia itaberina. Primeiro, na agricultura, se destacando como grande produtor de grãos, como milho, feijão e principalmente, de arroz, sendo que chegou a ser o maior produtor goiano deste grão, durante muito tempo. E até hoje, a atividade é preponderante no município, apresentando alta produtividade em laranja, soja e tomate. A agropecuária também chegou com força à Itaberai, e me pouco tempo, o município se tornou uma das mais ricas bacias leiteiras do estado.
Avicultura
A partir da década de 90, uma atividade também ligada à agropecuária, atualmente conhecida como agroindústria, mudou a realidade econômica de Itaberaí. E isso é consenso na cidade: a chegada da Super Frango foi um divisor de águas na cidade. As oportunidades de empregos multiplicaram em muitas e muitas vezes: a empresa gera cerca de 2 mil empregos diretos e outros 4 mil indiretos. A arrecadação de impostos também aumentou, o que também foi transformado em benefícios para os cidadãos. Mais uma série de empresas menores de produtos e serviços, que vive em função do abatedouro, se instalou na cidade. E toda Itaberaí sentiu os efeitos do estabelecimento de uma indústria de grande porte no município. Da cidade saem frangos que são exportados para várias partes do Brasil e do mundo. E Itaberaí mudou completamente a sua paisagem urbana. A cidade se embelezou e o comércio deixou de ser restrito à GO-070 e entrou cidade à dentro. Outras empresas surgiram. Como já dissemos, a velha Curralinho nunca mais foi a mesma. Mas também como já foi dito no início desta matéria, uma parte de Itaberaí ficou ali no seu cantinho, como que resistindo, para ajudar a contar a história desse povo, que há muito chegou e por aqui ficou. Este território histórico é também como um refúgio, um lugar para se correr, quando os itaberinos se cansam da cidade, agora grande em que se transformou. Sorte deles, de ter essa convivência pacífica entre o ontem e o hoje. É mais um atrativo dessa Itaberaí, queos filhos nativos ou adotados desta terra, adoram e prometem nunca mais deixar.