O Setor Jaó tem uma riqueza escondida em suas ruas, alamedas e parques e não é só no urbanismo, mas também na sua história, que remonta ao início da capital. Foi numa represa no trecho do Rio Meia Ponte que passa pela área onde hoje fica o bairro, que foi construída a primeira usina hidrelétrica de Goiânia, em 1936. A geração de energia durou até 1970, quando por causa da poluição do manancial, a usina foi desativada. Hoje, restam apenas ruínas do antigo prédio, que está se perdendo com a ação do tempo
Segundo o professor e morador do bairro, Marcos Tucano, na tentativa de obter recursos para o estado, Pedro Ludovico Teixeira vendeu a área do futuro Setor Jaó para o então governador de Minas, Magalhães Pinto, que loteou o terreno. A urbanização foi feita com dinheiro do Banco Nacional, de propriedade de Magalhães Pinto. E Profissionais alemães, que já moravam por ali, liderados pelo engenheiro Tristão Pereira da Fonseca Neto, fizeram o projeto do bairro. E propuseram um bairro monumental com ruas largas, grandes alamedas e bulevares e mais uma série de elementos que remetem às cidades-jardins.
Mesmo com um projeto diferenciado, de um bairro elegante e requintado, a distância do Centro desanimava compradores e mesmo os donos dos lotes e o Setor Jaó permanecia desabitado. Foi o projeto de um empresário visionário, Ubirajara Berocan Leite, de construção de um mega clube no bairro que provocou a primeira onda de ocupação do Jaó.
Com o passar do tempo, o bairro foi sendo ocupado e por pessoas de alto poder aquisitivo, que ergueram casas confortáveis, luxuosas, algumas até suntuosas. E mais que isso: pessoas de peso na sociedade. As áreas de lazer contribuíram para melhorar ainda mais a qualidade de vida. O comércio que chegou foi apenas para atender a comunidade do bairro, que se firmou como essencialmente residencial, até pela força dos moradores.
Os parques erguidos recentemente deixaram o bairro ainda mais com cara dos modernos condomínios fechados. Mas para se conseguir a urbanização também foi preciso pressão da população. Segundo Marcos Tucano, na área onde hoje está o Parque Beija-Flor, seria construído um condomínio fechado, mas os moradores, liderados pelo advogado Artur Rios, conseguiram barrar a construção e logo, a área foi urbanizada, dando vez a um dos mais belos parques de Goiânia.
E assim o Jaó cumpriu sua vocação inicial de bairro nobre, chique, elegante. Espaço físico e moradores se atraíram e fizeram do setor um excelente lugar de se morar.