Antes de se transformar em um bairro, o Setor Aeroporto teve outra função que caracterizou bem, para aquela época, o estilo de modernidade o qual Pedro Ludovico pretendia para a nova capital. Era exatamente na praça do avião, que foi instalado o primeiro aeroporto de Goiânia, se é que poderíamos chamar de aeroporto o que existia ali, de acordo com o professor e mestre em Geografia Antônio dos Anjos, o que existia no local era um aeródromo, com uma estrutura bem simples, apenas uma pista de pouso no chão batido, pois as aeronaves eram de pequeno porte. Porém mesmo sendo pequenos os aviões, tudo era novidade naquela época, os pousos e docolagens eram verdadeiros espetáculos, que reuniam multidões. Mas o aeroporto não foi uma prioridade para o estado, foram os irmãos Coimbra Bueno, quem perceberam a necessidade desse transporte e deram o primeiro passo para a realização desse projeto.
Aos passos lentos o desenvolvimento foi chegando, e logo, o que antes era um espetáculo para a população local, acabou se transformando em pesadelo, já que o número e o tamanho das aeronaves aumentaram e consequentemente o barulho, o que obrigou as autoridades a transferirem o aeroporto para a região norte da cidade.
Paralelo a todas essas modificações outro fator importante foi o parcelamento da área, que também tinha como finalidade obter recursos para uma capital que ainda estava no começo e precisava de dinheiro, Conforme os estudos do professor Antônio dos Anjos desses recursos, 45% foi utilizado para compor o capital do extinto Beg (Banco do Estado de Goiás), 50% para criar a rede de abastecimento de água e energia de Goiânia e Anápolis e 5% para a construção do novo aeroporto.
Na época do loteamento do Setor Aeroporto os irmãos Coimbra Bueno e o projetista Armando de Godoy já não estavam mais na estrutura do estado, sendo assim foi o topografo alemão Ewald Janssen quem executou o projeto do bairro, e ele buscou integrar essa área ao que já havia sido projetado para a nova capital.
Mesmo tão perto do Centro, que já era todo urbanizado, o Setor Aeroporto começou como qualquer bairro da periferia. Um verdadeiro caos. O professor Orlando de Castro se mudou para o setor nos seus primórdios, em 1963 e ele nos relatou que nem as redes de energia elétrica estavam prontas. Para ter energia em casa era preciso recorrer às famosas gambiarras.
O professor Orlando conta ainda que na época em que se mudou para o bairro, na rua haviam apenas duas casas construídas. E quando ele olhava em volta só enxergava mato por todos os lados. Ele se lembra de uma vizinhança nada agradável, que não davam sossego para as roseiras da esposa, ela cultivava no final do dia suas plantinhas quando amanhecia no dia seguinte as formigas já tinham cortado a mesma.
Mesmo depois de concluído o parcelamento da área o processo de ocupação do bairro foi lento, isso porque assim como o Setor Sul, Oeste e outros bairros nobres da cidade, era preciso haver uma autorização do governo para fazer construções.
Depois de resolvido todos esses problemas o Setor Aeroporto decolou rumo ao desenvolvimento. No final da década de 60, o bairro foi asfaltado, recebeu redes de água tratada e esgoto sanitário. Com infraestrutura e localização privilegiada em pouquíssimo tempo, o Setor Aeroporto despertou grande interesse principalmente de alguns segmentos empresariais, como clínicas, laboratórios, redes de hotelaria, restaurantes e posteriormente uma grande demanda de garagem de veículos, segmentos os quais hoje o bairro é referencia em todo o estado.
Mas quando estava em franco processo de crescimento, uma bomba paralisou o crescimento do bairro. A bomba de Césio 137. O acidente radioativo modificou a rotina dos moradores e comerciantes e durante anos o Setor Aeroporto sentiu os efeitos do Césio. Porém, como diz a sabedoria popular, o tempo apagou os efeitos negativos do Césio para o bairro. E tudo voltou ao normal. O desenvolvimento trouxe a verticalização, empresas diversas, gente diferente, moradores novos, afugentou moradores antigos, como sempre acontecem coisas boas e coisas ruins. Mas aos colocar na balança o saldo ainda é positivo.