Pode-se dizer que a história do Jardim Novo Mundo começou bem antes do parcelamento do bairro, ocorrido na década de 50 do século passado, talvez até antes da construção de Goiânia. Isso porque parte da área do bairro pertencia à família Morais, clã que residia em Campinas e que apoiou a construção da capital, inclusive com a doação de terras para a nova cidade. Tempos depois, com a expansão dos limites iniciais de Goiânia, os Morais lotearam vários bairros principalmente na região leste, entre eles o Jardim Novo Mundo.
Embora o parcelamento seja dos anos 50, a efetiva ocupação começou muito timidamente na década de 60. Como o bairro era muito carente, a ocupação foi muito lenta. Ainda no final da década de 70, o Jardim Novo Mundo reservava muitos lotes vagos e na contava com infra-estrutura quase nenhuma.
Os moradores acreditam que a maioria dos primeiros habitantes veio para o Novo Mundo por falta de opção, já que na época, os lotes eram, talvez, os mais baratos da cidade. Uma característica marcante do Jardim Novo Mundo no final dos anos 70 e começo dos 80, foi a fama de bairro violento e perigoso. Um estigma que divide a opinião dos moradores
PALMITO
Quem morou em Goiânia lá pelos anos 80, 90, se lembra de que uma parte do bairro, nas proximidades da baixada da Avenida Anhanguera, era conhecida não como Novo Mundo, mas sim como Setor Palmito, como se fossem dois bairros diferentes. O porquê dessa denominação, hoje praticamente esquecida, ninguém sabe ao certo. Certo mesmo é que isso foi tão forte que até uma escola do bairro teve e permaneceu com o nome de Escola Estadual Setor Palmito.
Nessa época, certa também foi a demora na instalação dos equipamentos urbanos no bairro.Os moradores reclamam que a situação de precariedade perdurou por muitos anos, o que contribuiu para a lenta ocupação. O mestre em arquitetura e professor da PUC/GO, John Mivaldo da Silveira acredita que o lento desenvolvimento não só do bairro, como de toda região foi motivado, em parte pelas barreiras físicas, existentes ali, a BR-153 e a estrada de ferro. Para o psicólogo Lindomar Tomé a proximidade do bairro com a colônia Santa Marta, que abrigava pessoas com hanseníase, na época uma doença incurável, também era um moderador do crescimento, já que o preconceito contra os doentes era muito grande.
Com a desativação do trem de passageiros, parece que só a rodovia não foi mais uma barreira para o crescimento do bairro. Com energia, água, esgoto, asfalto e ainda estando numa região alta com ruas e avenidas largas, de uma hora para outra, o Jardim Novo Mundo deu um salto.
A pecha de bairro pobre e descuidado ficou para trás. O prolongamento da Avenida Anhanguera e a construção do terminal do transporte coletivo melhoraram sobremaneira o serviço, que ainda não é o ideal, mas nem se compara aos precaríssimos ônibus da viação Jussara, única alternativa de transporte dos moradores no início do bairro.E o surto de desenvolvimento não assolou apenas o Novo Mundo: atacou toda a região. Setores que antes carregavam o estigma de pobres e violentos, como o Parque das Amendoeiras e Vila Pedroso, hoje têm uma realidade completamente diferente. Com o passar dos anos, receberam infra-estrutura e serviços. Possuem extensas áreas comerciais e algumas com vocação para a indústria. É o destino de muitos empresários que buscam novos espaços para abrir ou expandir seus negócios. Alguns são moradores que apostaram neste crescimento, ainda que demorado.
Outros, no entanto, já temem os efeitos nocivos de um desenvolvimento que ainda está porvir. Mas o arquiteto John Mivaldo acredita que com as regras estabelecidas pelo último plano diretor da cidade, será possível organizar melhor o crescimento, não só do Jardim Novo Mundo, mas também de toda a cidade.