
O Setor Garavelo surgiu na paisagem de Aparecida de Goiânia junto com outros mais de cem loteamentos, aprovados na década de 70, pelo então prefeito de Aparecida, Freud de Melo. O bairro, muito distante do centro de Aparecida, ficava no limite com a região sudoeste de Goiânia. Como todos os parcelamentos feitos nessa época, o Garavelo foi aprovado sem nenhum critério de infraestrutura. Água tratada, esgoto, asfalto, iluminação pública, nada disso havia no bairro. Para se chegar ou sair do bairro, nos primeiros tempos, os moradores tinham que fazer parte do percurso a pé. Não havia linha de ônibus que seguisse até o Garavelo. A solução era ir a pé até ao Novo Horizonte, uma caminhada de no mínimo, três quilômetros, para embarcar no transporte coletivo. E quando enfim o bairro ganhou uma linha de ônibus, os veículos eram poucos e muita gente teve que continuar andando a pé. O presidente da Associação de Moradores do Garavelo E, Orias João da Mata, conta que como não havia escolas no bairro, as crianças saíam para estudar no Novo Horizonte. E a volta para casa era sempre uma dificuldade. Segundo ele, quando o ônibus do Setor Garavelo chegava ao bairro vizinho já estava lotado e os estudantes não conseguiam embarcar. Também tinham que voltar a pé. Os pais então se revezavam para fazer companhia aos estudantes na volta para casa.
No meio de tantas carências, um alento: um médico resolveu ir atender no bairro. Mas o primeiro posto de saúde teve que ser improvisado. O prefeito alugou a sala de uma casa, já que na época não havia imóveis comerciais por aqui, para instalar o consultório. Mas mesmo assim mesmo, só os casos simples podiam ser resolvidos no bairro. Consultas e pequenos procedimentos. Os casos mais graves eram levados pelo médico, Dionísio Ferreira, para hospitais de Goiânia, mas como não havia ambulância, ele tinha que utilizar o próprio carro para o transporte dos doentes.
O bairro foi crescendo e novas etapas foram surgindo. Cada uma delas foi nomeada de Garavelo e para diferenciar uma da outra, o nome vinha acompanhado de uma letra do nosso alfabeto. Assim ficaram Garavelo A, B, C, D e E. A confusão maior ficou por conta das ruas que tem a mesma numeração, mas seguida da letra correspondente à etapa em que a via está localizada. Por exemplo, Rua 1-A, no Garavelo A, Rua 1-B, no Garavelo B e assim por diante. Para aumentar ainda mais a confusão causada por tantos Garavelos, havia uma problemática antiga quanto aos limites entre Goiânia e Aparecida. E por conta disso o bairro ainda foi dividido entre as duas cidades. Quatro etapas ficaram em Aparecida e uma delas, o Garavelo B, que fica abaixo da Rodovia GO-040, foi incorporada à capital.
O bairro de duas cidades e muitas etapas cresceu tanto que quando os moradores querem se referir a todas as etapas usam a expressão Grande Garavelo. Nada mais justo para um setor que é do tamanho de uma cidade. São cerca de 50 mil habitantes. Com uma população tão significativa do bairro e de todo o entorno, que também cresceu muito rapidamente, o comércio explodiu. A Avenida Igualdade foi tomada pelos empresários, primeiros pelos pequenos e com o tempo, pelos médios e hoje, as grandes redes do estado e do país disputam os valorizados lotes da via Doutor Dionísio, que começou atendendo em uma pequena sala alugada pela prefeitura, viu que o bairro pobre, merecia uma melhor assistência à saúde. E resolveu abrir no Garavelo, um hospital, que hoje é referência em toda a região.
Os moradores e empresários só reclamam de um serviço que ainda não existe no bairro. A rede de esgoto ainda não foi construída, faz falta e até inibe o crescimento do setor. Segundo moradores, grandes empresas e edifícios não são construídos no Garavelo, por conta da falta da rede de esgoto.
O que ainda falta no bairro está na ponta da língua dos moradores. Mas quando perguntados se gostam de morar aqui, a resposta também é imediata. Todos afirmam que gostam do bairro, que no Garavelo se encontra quase tudo que precisam e são enfáticos quando dizem que não querem sair daqui.