Juntas, as três etapas do Jardim Guanabara são maiores do que muitas cidades do interior do estado. Primeiro era só Jardim Guanabara, bairro antigo, parcelado ainda nas primeiras décadas de existência da nossa capital. E como todos os outros desse período, distante do centro da capital e sem nenhuma infraestrutura. Abrigava principalmente pessoas pobres que não tinham recursos para morar em bairros mais centrais e urbanizados, como a moradora Iranice Maria de Magalhães. Ela desembarcou em Goiânia, em 1975, com o marido, dois filhos nos braços e uma enorme esperança de dias melhores. Na época, o Jardim Guanabara se resumia a poucas casas, ruas sem asfalto e energia elétrica precária. O bairro também não contava com hospitais, redes de água tratada e de esgoto e o ônibus que servia o setor era muito ruim. Além de todas as dificuldades, o bairro era muito distante das outras áreas habitadas da cidade. Em volta do bairro, só existiam fazendas. E até para fazer compras, o jeito era ir até ao Centro ou à Vila Nova, onde havia feiras, supermercados, açougues e outros comércios.
Exército
Mas antes mesmo da chegada dos moradores mais antigos, o Jardim Guanabara foi escolhido para sediar uma unidade do Exército Brasileiro. Assim, o quartel do 42º Batalhão de Infantaria Motorizado com seus oficiais de uniforme verde-oliva sempre foi parte da paisagem do bairro. E segundo os moradores mais antigos a convivência entre eles e os homens do Exército sempre foi muito amistosa. E contam, inclusive, que além da segurança que um quartel oferecia, os militares prestavam muitos serviços para o bairro, como o transporte de pessoas doentes para o hospital.
Jardim Guanabara 2
O tempo foi passando e a cidade crescendo. Aos poucos, os serviços foram chegando ao bairro e o Jardim Guanabara foi atraindo mais moradores, inclusive alguns que já não podiam mais comprar os lotes, que foram ficando mais caros. Muitos então, se rendiam ao famigerado aluguel. Em meados da década de 80, que um grupo de pessoas que morava de aluguel na região se organizou numa associação de inquilinos e passou a reivindicar uma área que ficava no limite norte do bairro. Aí teve início o Jardim Guanabara 2. O curioso dessa organização é que, diferente do que acontecia naquela época em praticamente toda a cidade, a associação de inquilinos decidiu por não fazer ocupações. A negociação foi toda feita diretamente com o então prefeito de Goiânia, Daniel Antônio. Foram 3 anos de reuniões, conversas e negociações até que em janeiro de 1989 a vitória chegou: a prefeitura retomou uma área que os segundo os moradores, era pública, mas tinha sido ocupada por um italiano, que fez uma grande plantação de hortifruti no local. Os inquilinos, enfim, ganharam seus lotes. Mas se para quem chegou anos antes, num loteamento regularizado, a vida já foi difícil, imaginem para quem estava se mudando para um bairro conquistado com uma batalha de mais de três anos, e que nem as ruas estavam abertas ainda. À medida que iam sendo contemplados, os novos moradores tinham que entrar imediatamente para os lotes, caso contrário, eles poderiam ser invadidos. E aí teve início uma nova luta para conseguir todos os serviços que a 1ª etapa já tinha sido contemplada.
Desenvolvimento
Depois disso, a região foi crescendo. Logo em seguida, o Jardim Guanabara 3 foi loteado e depois veio o Residencial Guanabara. Não demorou muito e outros bairros foram surgindo em volta. Outros equipamentos urbanos também valorizaram a região, como a CEASA, as Centrais de Abastecimento de Goiás, que chegou para organizar a comercialização de hortifrutigranjeiros e cereais. A cada ano, a Ceasa vende mais de 600.000 toneladas destes produtos, que saem daqui e vão atender clientes em vários locais do Brasil e até do mundo. E depois de transpor tantos obstáculos, os moradores olham o bairro, hoje transformado, com orgulho e com o sentimento de que tudo valeu a pena.