Antes de ser Jardim Goiás, a área que hoje compreende o bairro era parte de uma fazenda que atravessava a BR-153e se estendia ainda muito à frente rumo à cidade de Bela Vista. A propriedade era de um homem que depois ficaria conhecido na história de Goiânia por vários empreendimentos na região: Lourival Louza. Parcelado junto com a maioria dos bairros da capital, na década de 50, não foi só pelo destino e pela localização que o Jardim Goiás se tornou o que é hoje. A visão empreendedora do proprietário contribuiu e muito, para o bairro se tornar um dos metros quadrados mais caros de Goiânia.
A urbanista e professora da UFG, Adriana Mara de Oliveira, estudou a história do Jardim Goiás e conta que o bairro teve um projeto diferenciado dos demais parcelados na mesma época. Louza encomendou o projeto a um arquiteto paulista chamado Roberto Magno Ribeiro, que se baseou no conceito de cidade jardim, propondo ruas sinuosas e valorizando a arborização. E isso foi só o começo. Provavelmente prevendo o crescimento gradual da cidade, o loteador colocou os lotes à venda aos poucos e reservou para ele mesmo, grandes terrenos, cujo destino o próprio Louza poderia definir. Outra urbanista, Alda Torreal, que também estudou a história do bairro para a dissertação de mestrado, é outra que acredita que foi a visão futurista de Lourival Louza que fez a diferença no Jardim Goiás.
Mas o empreendedor não apenas reservou áreas para uso futuro. Segundo as pesquisas de Adriana Mara, logo o espírito empreendedor de Lourival Louza se manifestou novamente e ele começou a negociar ou firmar parcerias com o poder público para levar equipamentos públicos para esses vazios, como o Estádio Serra Dourada e o Autódromo Internacional de Goiânia. Essas iniciativas acabaram induzindo a ocupação e valorizando o bairro.
Segundo Alda Torreal, ainda na década de 70, o proprietário do loteamento teve ainda uma outra ideia, quase que genial e que talvez tenha sido o grande indutor de desenvolvimento de toda a região. Ele conheceu o conceito de shopping center e construiu no bairro, o primeiro e até hoje, o maior shopping de Goiás, o Flamboyant Shopping Center.
Com todos esses equipamentos que chegaram ao bairro, o Jardim Goiás foi se tornando uma das áreas mais valorizadas de Goiânia. Porém existem partes dentro do bairro que tiveram um processo de ocupação completamente diferente: as áreas de posse que até hoje resistem e fazem parte da paisagem do Jardim Goiás.
A professora Adriana Mara explica que as áreas de posse foram ocupadas antes mesmo da ocupação das áreas consideradas “legais”, por trabalhadores que não tinham como adquirir um lote nos parcelamentos legalizados. Muitos vieram para construir o Estádio Serra Dourada e ficaram até hoje.
Segundo moradores, cada uma das ocupações irregulares tem uma história diferente. Algumas já foram regularizadas, famílias foram removidas e muitas seguem ainda sem a segurança de um documento de escritura
Quanto às áreas regulares ocupadas pelas classes A e B, foi apenas nos últimos dez anos que o processo de ocupação do bairro se intensificou. Uma das últimas negociações feitas por Lourival Louza com o poder público foi a doação da área para a construção do Parque Flamboyant, em 2002. E a partir da construção do parque e da inauguração em 2007 as imediações foram todas invadidas, mas dessa vez por empreendimentos verticais de alto padrão. E a despeito do padrão e do valor dos empreendimentos, as urbanistas alertam: a verticalização exacerbada do bairro, principalmente em volta do parque trará problemas sérios para a cidade, como a saturação do trânsito.