Como o nome já diz, o Setor Universitário é o centro do pensamento acadêmico do estado. Apesar de universidades e campus estarem presentes em outras áreas da cidade, é no bairro que se concentram várias unidades das duas mais antigas e atuantes universidades goianas: o campus Colemar Natal e Silva, da UFG e o campus I da PUC Goiás.
A ocupação do Setor Universitário começou já nos primeiros anos de existência da nossa capital. Foram operários e outros personagens das classes mais humildes que, sem condições de adquirir um lote na cidade planejada, começaram a ocupar terras do estado. As margens do Córrego Botafogo abrigaram as primeiras ocupações, que depois foram se espalhando no sentido leste da cidade e chegaram onde hoje está o Setor Leste Universitário.
O urbanista e morador do bairro, professor Everaldo Pastore, explica que num primeiro momento de intervenção, o poder público encomendou um projeto e quem já estava aqui teve que se adequar aos parâmetros urbanísticos traçados para o setor universitário.
Os moradores mais antigos contam que mesmo com o bairro irregular, a Prefeitura cobrava os impostos. E na época da regularização quem estava aqui pôde ficar, mas teve que pagar pelo lote. A partir da iniciativa do poder público em legalizar a ocupação, os benefícios começaram a chegar. E a partir daí, o bairro começou a se desenvolver.
O professor Everaldo Pastore explica que o projeto de regularização do bairro lembra um pouco a proposta de Atílio Correa lima para Goiânia. Uma idéia urbanística muito eficiente, mas que sofreu alterações na implantação.
Legalização incompleta
Neste primeiro momento, apenas parte do bairro foi legalizada. Na década de 80, centenas de moradores ainda continuavam vivendo em áreas ilegais, em condições precárias. Foi uma proposta da Universidade Católica de Goiás que permitiu a regularização de algumas dessas áreas. Nesses locais, o projeto de urbanização foi diferente do restante do bairro. As ruas são mais estreitas, em alguns pontos, sinuosas, os lotes menores. Nessas áreas a lógica da urbanização foi invertida: o desenho urbano é que obedeceu a ordem dos imóveis já edificados
E antes mesmo da maioria dos moradores chegarem, as universidades vieram, para em seguida emprestarem o nome ao bairro. O diretor do Instituto de Pesquisas e Estudos do Brasil Central explicou que os terrenos tanto da PUC Goiás, quanto da UFG, foram doados pelo governo do estado, dando início assim à organização das duas mais importantes instituições de ensino superior do estado de Goiás.
As universidades instaladas no setor universitário possibilitaram a formação dos nossos jovens aqui mesmo em Goiás. E a partir de então, cresceram, ampliaram os cursos, criaram outros campi. Mas ainda hoje é aqui no setor universitário que se concentra o pensamento acadêmico em Goiás.
DIVERSIDADE
Uma característica única do Setor Universitário é a diversidade de pessoas que vivem no bairro. É gente de todo o estado e de outras partes do país que vivem no setor para estudar nas duas maiores instituições de ensino superior do estado. Mas como nem só de estudo vive o homem, muitos que passam pelo bairro estão em busca de outra necessidade humana: a saúde. Os hospitais das Clínicas da UFG e Araújo Jorge atraem centenas de pessoas que às vezes passam a habitar, ainda que temporariamente por aqui.
Assim é o Setor Universitário, um bairro de muitas caras. E mais um bairro de uma capital jovem, igual a muitos outros, que teve origem na pressão social, passou por um período de grandes dificuldades, mas até por sua localização, teve uma valorização inesperada para quem chegou primeiro e viu o bairro como ele foi num passado não muito distante. Mas a história se repete: quem ficou às vezes se espanta e até se incomoda com tantas mudanças, mas também se aproveita das oportunidades trazidas pelo progresso.