O Parque Amazônia é um bairro da Região Sul de Goiânia e se encontra em franca expansão, aqui estão localizados grandes empreendimentos, mas até o meio da década de 50 toda essa região era uma enorme fazenda. Dona Lúcia Helena Forte Andrade, neta do ex dono da propriedade se recorda com carinho das férias que ia desfrutar na Fazenda Arranca Toco, ou melhor, Fazenda Buriti como assim era conhecida pelos membros da família. Como a maioria das propriedades rurais daquela época, o lugar não dispunha de nenhum serviço público, dona Lúcia relembra que tudo era feito de forma bem primária. “Antigamente na fazenda tirávamos leite, criávamos porcos, então a minha infância foi assim, no pomar comendo frutas. Nas férias meus primos vinham para cá e andávamos a cavalo, corríamos no pasto e pescávamos no córrego, tudo sem qualquer poluição. Isso que era uma vida saudável” lembra.
Outro aspecto marcante do bairro naquela época era que para chegar até a fazenda o caminho era muito longo. Mas como já era esperado, a nova capital crescia em ritmo acelerado, e aos poucos essa distância foi se encurtando, o que acabou obrigando o avô de Dona Lúcia a lotear a propriedade. O loteamento foi aprovado pelo decreto número 44, de 31 de janeiro de 1955, devido à distância do centro da cidade, inicialmente o parcelamento foi destinado para pessoas de baixo poder aquisitivo, tanto que os primeiros moradores relatam que a oferta da imobiliária responsável pela comercialização dos lotes era irrecusável. “O parque Amazônia começou a se desenvolver quando a imobiliária responsável pela venda dos lotes fez uma promoção, ou seja, na compra o futuro morador ganhava 400 telhas, e isso foi o que atraiu muitos compradores, era um programa irrecusável”, destacou o pioneiro e ex-presidente da Associação dos Moradores do Parque Amazônia Célio de Carvalho Silva. Porém, apesar da iniciativa para atrair moradores e investidores, a valorização do Parque Amazônia demorou bastante, mesmo porque, a região não oferecia nenhum atrativo, foi a população local quem teve de lutar para conseguir os benefícios públicos.
Senhor Adelino Vicente da Costa foi um dos primeiros moradores na região, chegou ao bairro em 1976, bem antes de seu Célio, e ele se recorda que nessa época o local ainda se parecia com uma fazenda. “Não tínhamos energia elétrica, água e esgoto. Para conseguir tudo isso houve um grande esforço da comunidade que foram cobrar das autoridades. Aqui era um cerradão, sem a mínima infra-estrutura. E foi devido a essas inúmeras dificuldades que seu Adelino apelidou o bairro. “A vida era tão difícil que eu dei um apelido para o local: Matagal das onças, uma maneira bem-humorada de encarar as dificuldades”, comentou.
Outra que também sofreu muito com a falta de infraestrutura do bairro foi dona Selma Maria Amaral, ela chegou ao bairro há 27 anos e a paisagem que encontrou não era nada animadora. “Quando eu mudei para cá minhas filhas estudavam no colégio Morais Filho, no Jardim América, elas tinham que atravessar o córrego e passar na casa de uma amiga para lavar os pés. Essa foi uma das maiores dificuldades de nossa vida aqui”, disse. Um outro aspecto que de certa forma acabou prejudicando o desenvolvimento do bairro foram as invasões, que ainda hoje estão presente em alguns pontos do Parque Amazônia.
Durante anos o bairro sustentou o estigma de bairro perigoso e violento, situação que entristecia os pioneiros. Mas essa realidade mudou, depois de muito esperar, os acontecimentos, foram se organizando. Com a chegada dos benefícios públicos e principalmente com a chegada do asfalto, o bairro assumiu um ritmo de desenvolvimento acelerado.
Todo esse desenvolvimento se consolidou mesmo, a partir da década de 90, quando o Parque Amazônia também passou a ser habitado por pessoas de maior poder aquisitivo. Hoje o bairro está muito bem servido na questão de infraestrutura, comércio, prestação de serviços, empresas dos mais variados segmentos estão instaladas na região. Um shopping center e o Parque Cascavel foram os principais responsáveis por esse grande desenvolvimento, condomínios surgem com tanta rapidez que as vezes assustam os pioneiros. Mesmo com tamanho progresso não significa que o Parque Amazônia está 100%, ainda existem alguns pontos que precisam ser observados, um dos principais problemas a ser resolvido é o transporte coletivo.
Com uma população estimada em mais de 30 mil habitantes o Parque Amazônia é bastante conhecido na capital, mas ainda hoje algumas pessoas confundem o nome e alguns logradouros do bairro, um fator que incomoda quem conhece a história do bairro. Hoje o Parque Amazônia se apresenta como um bairro nobre, fazendo inclusive divisa com outros tantos que também fazem parte dessa nobreza, como o Setor Bueno, Nova Suíça, Serrinha, Pedro Ludovico, Jardim América, Parque Anhanguera, Vila Brasília, Jardim das Esmeraldas dentre outros.